RecordTV dá tiro no pé com "Apocalipse"
A RecordTV parece que se afogou no próprio tsunami criado no primeiro capítulo apresentado na estreia de sua nova novela, Apocalipse, no dia 21 de novembro, depois de ter dado um tiro no pé. Divulgada como superprodução, a trama que vai enaltecer o diabo (até ele ser derrotado, claro!) e a religião protestante, não vai passar de uma obra cujo objetivo é apenas fazer proselitismo. A obra de Vivian de Oliveira faz críticas à Igreja Católica Apostólica Romana apresentando uma religião "fictícia" do mal com semelhanças à primeira doutrina cristã.
Proselitismo disfarçado de ficção
O gênero telenovela, que nós chamamos apenas por novela, foi criado no Brasil em 1951. A primeira telenovela brasileira e do mundo foi Sua Vida Me Pertence. Foi exibida de 21 de dezembro de 1951 a 15 de fevereiro de 1952, apenas dois dias da semana, às 20h, pela TV Tupi.
Foto de cena de "Sua Vida Me Pertence"
De lá para cá muita coisa mudou: as novelas, ao menos no Brasil e na tela da TV Globo, passaram a ser exibidas de segunda-feira a sábado, e hoje são o principal produto da televisão brasileira. As telenovelas tiveram influência nas radionovelas, assim como as soup operas (que nós poderíamos apelidar de novelas americanas exibidas no período da tarde e que emendam histórias, assim como a TV Globo faz com Malhação). Tanto as telenovelas, como as radionovelas, as soup operas, como os doramas (novelas coreanas) sofreram influência dos folhetins que eram publicados nos jornais impressos que surgiram na França, no século XIX. Não dá para escapar da fórmula proposta.
Os folhetins caracterizam o que um colega da faculdade vivia chamando de clichê, que por acaso é o nome do nosso jornal. E qual é o clichê do folhetim? É a luta de duas pessoas que se amam e que vão lutar contra as armadilhas de um vilão ou vilã que fará de tudo para separá-los, até que, no último capítulo, eles conseguem superar as barreiras e vivem felizes para sempre. Todas as novelas que tentaram fugir a isso se deram mal, e é assim que parece acontecer com Apocalipse.
Felipe Cunha (Adriano - 1ª fase) é o Mister Rodeio Brasil 2012
Assisti aos dois primeiros capítulos (e tenho acompanhado a repercussão na mídia) , até mesmo para prestigiar Felipe Cunha, que na primeira fase é Adriano, o personagem que será o pai do Anticristo que será vivido na terceira e última fase por Sérgio Marone. Felipe, em 2012, tornou-se, ao participar de um concurso de beleza idealizado por mim, o Mister Rodeio Brasil. Mas, confesso, e que ele me perdoe, não ter conseguido assistir mais. Falta amor na trama. A novela é sombria, não tem por quem a gente torcer. Tudo remete ao mal, e os diversos offs (falas de Marone) durante os capítulos levam a gente apenas a relembrar que a novela se trata dele, o capeta.
E pelamorrrrrrrr, a gente já vive muito inferno na vida real para sentar na frente da TV e ficar assistindo terror, né não? A coisa parece estar tão perdida, até mesmo por conta da baixa audiência, que li na quarta-feira (29/11 - Coluna Patrícia Kogut | O Globo), que os bispos que comandam a emissora estão suprimindo cenas gravas e incluem, sem aviso e com total falta de respeito com a autora e o elenco, narrações de Marone.
É ou não é um grande tiro no pé? A autora, na ânsia de repetir o sucesso de Os Dez Mandamentos se curva à direção da emissora ao criar uma trama que se baseia em uma interpretação protestante do livro do Apocalipse, descarta logo no início a fórmula de sucesso dos folhetins; a emissora supervaloriza a produção com efeitos especiais que não fizeram diferença alguma ao texto narrativo, ou seja, eram desnecessários; e agora a própria emissora descarta o que a novelista cria a fim de catequizar o telespectador para se tornar um membro da Igreja Universal.
Não adianta, Os Dez Mandamentos foi a Pantanal da extinta TV Manchete. Dificilmente irá repetir um novo sucesso, ainda mais com seu proselitismo barato. Obrigado e de nada, RecordTV, mas a gente quer sonhar, se divertir, rir! Já temos que lidar com muito diabo na vida real! Credo! "Támarrado"!
Protagonistas de "Pantanal" e "Os Dez Mandamentos"
Imagens da Internet
